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quinta-feira, 27 de agosto de 2015

escapismo

Entre enchentes e secas. Entre crianças famintas e obesas. Entre doenças reais e hipocondria. Entre guerras e tédio. Entre tanto tema, entretanto, só espero que ele entre na minha vida. Entre tanto tema eu ainda volto a falar de amor. Mas não devo ser tão julgada, é que sou crente, acredito em signos, em tarô, em horas iguais, por que não acreditar no amor? Nos últimos tempos eu estava com o coração regurgitando até o meio da garganta, engasgada, com a sensação de que esse mesmo coração era filho adolescente rebelde querendo fugir da segurança de casa, apenas para sofrer. Mas agora lembro que a gente cria filho para o mundo, não para prender. Deixo o meu partir, viver, sobreviver, mal sobreviver, aprender sobre viver. Amar é preciso, viver não é preciso.

https://soundcloud.com/legildo/escapismo

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Nova postagem

Vivo de cinzeiros improvisados. Meus pais não sabem que eu fumo, nem imaginam, não aceitariam, talvez não me dessem mais dinheiro com o intuito de controlar o vício. Fumei em casa pela primeira vez essa semana. Incenso disfarça o cheiro, ou fedor. Fumar, mais do que um ato de rebeldia, mais do que a busca pelo prazer e relaxamento, é um segredo exposto, escancarado, como a minha dor, como a depressão já diagnosticada e mal tratada. Algo incompreendido. Essa porta aberta pela qual não se atrevem a entrar, com esse terreno do qual escapo por breves instantes, ou do qual tenho a ilusão de escapar.
Ele me deu flores na noite de hoje, improvisadas, arrancou de seu condomínio. Elas me fizeram sorrir quando voltei de madrugada para casa, acompanhada somente pelas luzes dos postes nas grandes avenidas da cidade, e esse foi o momento de ilusão, anestesiada. Nenhum beijo foi combinado também. Ele em si não foi combinado, não o pedi a Deus. É que tenho me acostumado a viver de amores improvisados e com dificuldade de encontrar local para depositar as cinzas. Meu desejo de amar outra pessoa é fênix.